OS ESTEREÓTIPOS ASSOCIADOS AO USO DOS
ÓCULOS.
Uma das acepções da palavra
estereótipo apresentada pelo dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa
2.0a é a seguinte: “Ideia ou convicção
classificatória preconcebida sobre alguém ou algo, resultante de expectativa,
hábitos de julgamento ou falsas generalizações”. Baseado nesta acepção do
termo, o senso comum idealiza as pessoas que usam óculos como inteligentes,
intelectuais, compenetradas, sérias, estudiosas, distraídas, ingênuas, frágeis,
entre outras coisas. Uma das profissões cuja imagem está mais intensamente
associada ao uso dos óculos é a do professor.
Outro estereótipo
associado ao uso dos óculos é a figura do “Nerd”. “Em 14//03/1989, numa reportagem sobre
marketing publicada no jornal Folha de São Paulo foi explicado que nerd é o
nome dado nos Estados Unidos aos “adolescentes que em geral usam óculos,
estudam bastante e têm hábitos ‘esquisitos”’(LUÍS, 2011). Uma tira cômica
retratando um personagem nerd, cognominado Nerdson, descreve as características
físicas e emocionais do protagonista da história em quadrinhos como que
acompanhando o estereótipo
tradicional do nerd, como o uso de
óculos e uma personalidade antissocial (Ibid).
“Nerdson não vai à escola” - uma das
primeiras tiras do personagem, em 2006. (Ibid)
Um experimento
publicado pelo jornal jurídico “The Jury Expert” sobre a percepção das pessoas
com relação a indivíduos que usam óculos revelou o seguinte:
De acordo com o estereótipo dos óculos, o rosto de um indivíduo
que usa óculos é classificado como menos atraente e mais inteligente que o
rosto da mesma pessoa sem os óculos. Em virtude das tendências atuais dos
modelos de óculos, foram incluídos no experimento dois tipos de óculos, óculos
com uma armação completa e grossa comum assim como óculos sem hastes.
76 participantes (Estudantes e representantes da população em
geral) classificaram as 78 imagens de rostos compostas de 26 imagens de rostos
sem óculos, 26 imagens de rostos com armações completas e 26 imagens de rostos
com óculos sem hastes em uma tela de computador e as classificaram em seis
quesitos: propensão ao sucesso, inteligência, confiabilidade, atratividade,
simpatia e prestatividade.
Os resultados demonstraram que rostos sem óculos foram percebidos
como mais atraentes e simpáticos que rostos com óculos com armação completa.
Rostos sem óculos e com óculos sem hastes não apresentaram diferenças nos
quesitos aparência e simpatia. Com relação aos quesitos propensão ao sucesso e
inteligência, os resultados demonstraram que os indivíduos que usavam óculos
(tanto com armação completa, como sem hastes) foram classificados como mais
bem-sucedidos e inteligentes que indivíduos sem óculos. Com relação ao quesito
confiabilidade, os indivíduos com óculos sem haste foram classificados como
significativamente mais confiáveis que os indivíduos sem óculos. Não houve
diferença entre os rostos com óculos ou sem óculos no quesito prestatividade.
Estes resultados demonstram que o uso dos óculos influencia vários
tipos de julgamentos que são feitos sobre as pessoas.
Percebemos
através da breve pesquisa bibliográfica realizada, pela observação, pelos diálogos
que travamos com as pessoas e através de nossas próprias percepções individuais
extraídas de situações vividas em nosso cotidiano que de forma, praticamente,
inconsciente, somos influenciados pelos estereótipos associados aos indivíduos
que usam óculos e que podem ter uma conotação positiva ou negativa.
Uma vez que os
estereótipos não representam, necessariamente a realidade, é importante que
busquemos ser o mais isentos que pudermos com relação à emissão de juízos de
valor superficiais, baseados em características que não são capazes de revelar
o valor, a capacidade, a inteligência ou o caráter das pessoas, como é o caso
do uso de óculos. Como diz com muita propriedade o adágio popular: “As
aparências enganam”.
LUÍS,
L. Nerds Que Riem de Si Mesmos:
Representações de um Estereótipo Através de Tiras Cômicas na Web1. Disponível
em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-0006-1.pdf. Acesso
em 29/04/2013.
FORSTER, M., GERGER, G. e LEDER, H.HELMUT LEDER. Artigo: The Glasses
Stereotype, Revisited. Disponível em http://www.thejuryexpert.com/wp-content/uploads/JuryExpert_1303_Glasses.pdf.
Acesso
em 29/04/2013.
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