sábado, 18 de maio de 2013

OS ESTEREÓTIPOS ASSOCIADOS AO USO DOS ÓCULOS.


OS ESTEREÓTIPOS ASSOCIADOS AO USO DOS ÓCULOS.

          Uma das acepções da palavra estereótipo apresentada pelo dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 2.0a é a seguinte: “Ideia ou convicção classificatória preconcebida sobre alguém ou algo, resultante de expectativa, hábitos de julgamento ou falsas generalizações”. Baseado nesta acepção do termo, o senso comum idealiza as pessoas que usam óculos como inteligentes, intelectuais, compenetradas, sérias, estudiosas, distraídas, ingênuas, frágeis, entre outras coisas. Uma das profissões cuja imagem está mais intensamente associada ao uso dos óculos é a do professor.

            Outro estereótipo associado ao uso dos óculos é a figura do “Nerd”. “Em 14//03/1989, numa reportagem sobre marketing publicada no jornal Folha de São Paulo foi explicado que nerd é o nome dado nos Estados Unidos aos “adolescentes que em geral usam óculos, estudam bastante e têm hábitos ‘esquisitos”’(LUÍS, 2011). Uma tira cômica retratando um personagem nerd, cognominado Nerdson, descreve as características físicas e emocionais do protagonista da história em quadrinhos como que acompanhando o estereótipo

tradicional do nerd, como o uso de óculos e uma personalidade antissocial (Ibid).


“Nerdson não vai à escola” - uma das primeiras tiras do personagem, em 2006. (Ibid)

 

          Um experimento publicado pelo jornal jurídico “The Jury Expert” sobre a percepção das pessoas com relação a indivíduos que usam óculos revelou o seguinte:

De acordo com o estereótipo dos óculos, o rosto de um indivíduo que usa óculos é classificado como menos atraente e mais inteligente que o rosto da mesma pessoa sem os óculos. Em virtude das tendências atuais dos modelos de óculos, foram incluídos no experimento dois tipos de óculos, óculos com uma armação completa e grossa comum assim como óculos sem hastes.

 

76 participantes (Estudantes e representantes da população em geral) classificaram as 78 imagens de rostos compostas de 26 imagens de rostos sem óculos, 26 imagens de rostos com armações completas e 26 imagens de rostos com óculos sem hastes em uma tela de computador e as classificaram em seis quesitos: propensão ao sucesso, inteligência, confiabilidade, atratividade, simpatia e prestatividade.

 

Os resultados demonstraram que rostos sem óculos foram percebidos como mais atraentes e simpáticos que rostos com óculos com armação completa. Rostos sem óculos e com óculos sem hastes não apresentaram diferenças nos quesitos aparência e simpatia. Com relação aos quesitos propensão ao sucesso e inteligência, os resultados demonstraram que os indivíduos que usavam óculos (tanto com armação completa, como sem hastes) foram classificados como mais bem-sucedidos e inteligentes que indivíduos sem óculos. Com relação ao quesito confiabilidade, os indivíduos com óculos sem haste foram classificados como significativamente mais confiáveis que os indivíduos sem óculos. Não houve diferença entre os rostos com óculos ou sem óculos no quesito prestatividade.

 

Estes resultados demonstram que o uso dos óculos influencia vários tipos de julgamentos que são feitos sobre as pessoas.

 

            Percebemos através da breve pesquisa bibliográfica realizada, pela observação, pelos diálogos que travamos com as pessoas e através de nossas próprias percepções individuais extraídas de situações vividas em nosso cotidiano que de forma, praticamente, inconsciente, somos influenciados pelos estereótipos associados aos indivíduos que usam óculos e que podem ter uma conotação positiva ou negativa.

            Uma vez que os estereótipos não representam, necessariamente a realidade, é importante que busquemos ser o mais isentos que pudermos com relação à emissão de juízos de valor superficiais, baseados em características que não são capazes de revelar o valor, a capacidade, a inteligência ou o caráter das pessoas, como é o caso do uso de óculos. Como diz com muita propriedade o adágio popular: “As aparências enganam”.

 

 

LUÍS, L. Nerds Que Riem de Si Mesmos: Representações de um Estereótipo Através de Tiras Cômicas na Web1. Disponível em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-0006-1.pdf. Acesso em 29/04/2013.

 

FORSTER, M., GERGER, G. e LEDER, H.HELMUT LEDER. Artigo: The Glasses Stereotype, Revisited. Disponível em http://www.thejuryexpert.com/wp-content/uploads/JuryExpert_1303_Glasses.pdf. Acesso em 29/04/2013.

 Postado por Peter Moreira Esteves

 

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